segunda-feira, 8 de junho de 2015

De barba e unhas feitas

Barbas são assim: aparecem sem pedir licença ou perguntar se são desejadas. Acontece que a barba está na moda. Jovens de vinte, trinta anos estão curtindo deixar barbas crescidas e cerradas. A coisa pegou de tal forma que aqueceu o, até então, tímido mercado do transplante de barba – quem tem uma barba muito rala já pode comprar uma de macho por uma bagatela de R$ 8 mil a R$ 16 mil!

A barba é só um fato biológico. Mas, por surgir justamente na passagem para a vida adulta do homem, ganha aspectos culturais importantes. É fácil perceber que o visual contribui para uma aparência madura e muitos jovens se fazem barbudos para passar um ar mais sério. Pesquisas psicológicas têm indicado que a barba (especialmente do tipo “lenhador”, que a moçada está curtindo) também transmite uma imagem de agressividade e força e, consequentemente, autoconfiança e sucesso.

Tudo certo, mas é interessante que a moda da barba ressurja numa época como a nossa, na qual tudo que marque o gênero está sendo bombardeado pela própria moda
: os homens modernos se depilam, fazem a sobrancelha e as unhas, e até usam saias. No século 21 a vida está cada vez mais unissex.

Bem, eu sei perfeitamente que cada sociedade empresta significados diferentes a estes costumes e que, por exemplo, os vestidos já foram a roupa comum de homens e mulheres (os deles eram mais curtos). Entretanto, o fato é que todas as sociedades sempre cultivaram sinais diacríticos de gênero, ou seja, a diferença entre macho e fêmea era expressa por meio de aspectos culturais cotidianos: aparência, papel familiar e função social, entre outros, marcaram socialmente aquilo que nossa fisiologia estabelece. A civilização ocidental contemporânea talvez seja a primeira a, propositalmente, tentar eliminar as marcações destas diferenças.

Então, se nossa sociedade passa a suprimir os canais de expressão da masculinidade disponíveis, haverá uma tendência natural de valorização das vias restantes. Creio que a onda de barbas cerradas é isso: um movimento que, intuitivamente, procura restabelecer na sociedade a diferença que existe na criação.

Isso porque a distinção entre macho e fêmea é criacional, e a supressão social desta distinção é essencialmente maligna e prejudicial à humanidade. Homens e mulheres fomos criados diferentes, e nossas diferenças nos complementam. Adão e Eva eram muito diferentes. Ele estava incompleto, e precisava de alguém diferente de si mesmo.[2]

Mr. Incredibeard se exibindo
Alguns especialistas já estão prevendo que a barba sairá da moda daqui a pouco. Pode ser. É da natureza da moda a busca pelo incomum: quando muitos aderem a uma moda, ela rapidamente se torna comum, perde o interesse e cai no esquecimento – pelo menos até sofrer uma releitura num novo ciclo. Mas creio que outro marcador de masculinidade tomará seu lugar. Homens querem, precisam externar sua hombridade. Por mais que nossa cultura se rebele contra a norma da criação, ela continuará a encontrar meios de se expressar.

Erguei-vos barbudos! Que vossas barbas sejam orgulhosas bandeiras masculinas hasteadas contra a ditadura unissex que pretende nos anular! Ok, ok... Podem dar uma passadinha na manicure antes da batalha, mas lembrem-se de exigir um esmalte com cor de macho, pô!



[1] Caso não tenha ficado claro: Não estou falando de equiparar direitos civis entre homens e mulheres, mas de borrar as distinções entre eles.
[2] É o alerta do apóstolo Paulo na carta aos Romanos 1.27-31; veja também Gênesis 2.18,21-24.


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