terça-feira, 16 de maio de 2017

Maternidade + trabalho: o novo tabu


A começar de suas datas comemorativas no mesmo mês, maternidade e trabalho têm conexões interessantes. Afinal, o Dia das Mães sempre foi dia de trabalho pesado para elas! Pense na trabalheira que é preparar a mesa para receber a filharada que se reúne, saudosos da comidinha da mamãe. É verdade que muitos têm levado a mãe a um restaurante para “tirar a velha da cozinha” no seu dia, mas essa generosidade implica inúmeras pessoas trabalhando dobrado nos restaurantes e lojas, inclusive muitas mães, nesta que é a segunda data do ano mais intensa para o comércio e serviços.
Seria Dilma superior a Marcela porque
além de mãe, trabalhava fora?

Recentemente, o Presidente Michel Temer tropeçou no elo entre maternidade e trabalho ao fazer um pronunciamento no qual louvava a mulher pelas suas qualidades como dona de casa. Evidentemente, foi massacrado nas redes sociais. Do alto de seus anacrônicos 76 anos, ele até tentou ser mais cuidadoso na escolha dos elogios neste Dia das Mães, mas ainda assim foi criticado por mencionar a “dupla jornada de trabalho” – implicitamente indicando, de novo, o papel doméstico.
Não é novidade pra ninguém que a maioria das brasileiras se submete à tal jornada dupla, isto é, cumprem horário regular como funcionárias ou empresárias e quando chegam em casa encaram mais algumas horas provendo as necessidades da família e a organização do lar – e muitas vezes fazem isso sem um marido com quem possam dividir a carga. Também não é novidade que a dedicação feminina à família, especialmente aos filhos pequenos, muitas vezes impede o crescimento profissional e às vezes até afasta completamente a mulher da carreira. E não surpreende que as empresas prefiram contratar homens, pois enxergam nas mulheres um risco maior de verem as demandas profissionais colocadas em segundo plano, atrás das demandas da família. Essa é uma das principais causas da persistente diferença salarial entre gêneros, bem como da tendência atual de procurar alternativas que conciliem maternidade e carreira profissional: horários flexíveis, home office, empreendedorismo, etc.[1]
A jornada dupla nem sempre será tão divertida quanto nas fotografias
Mas o fato é que a pancadaria em cima do Presidente não foi porque ele se esqueceu de mencionar as milhões de mulheres que atuam no mercado de trabalho. Seu pecado foi ter se lembrado de mencionar as milhões de mulheres que atuam (também ou somente) nos seus lares. Ele pecou contra um dos dogmas mais caros ao Feminismo: “Não valorizarás a maternidade” – que serve para sustentar uma das principais bandeiras desse movimento em todo o mundo, que é o direito ao aborto livre.[2]
Em sua mentalidade marxista, o Feminismo escolheu o mercado de trabalho como seu ídolo, o único capaz de determinar o valor de uma mulher para si mesma e para a sociedade. Não importa nem mesmo que as próprias mulheres sejam as grandes prejudicadas nesse processo, submetidas a um estresse que têm elevado a presença de enfermidades como depressãoinfarto. Consequentemente, tudo o que rivaliza com a carreira profissional é necessariamente visto como negativo e nocivo à mulher. Por conta disso, a maternidade tem sido desconstruída, desvalorizada e relativizada numa guerra santa suja.

A visão cristã vai na direção oposta: a valorização da família e da maternidade, e a valorização do trabalho como subordinado a estas.[3]

Se os homens valorizassem mais a família, não fugiriam da responsabilidade da paternidade indesejada, tampouco da participação ativa na vida de seus filhos; se esforçariam para proteger suas esposas do desgaste das múltiplas jornadas; jamais as desprezariam pela perda da juventude, mas admirariam os sinais da maternidade em seus corpos. Se as mulheres valorizassem mais a família, não se entregariam a aventureiros de fala mansa sem nenhuma honradez; organizariam seus horários e carreiras de forma a não roubar delas o dom único de gerar um ser humano; criariam seus filhos sem sofrerem um duplo desgaste físico e emocional; viveriam a satisfação de assistir seus filhos aflorar pra vida sem se sentirem menos importantes por não estarem competindo no mercado. Se o mercado de trabalho valorizasse mais a família, saberia absorver aquelas profissionais que se afastaram temporariamente para serem mães, aproveitando toda a riqueza acumulada pela experiência da maternidade. Se nossa sociedade valorizasse mais a família, não aceitaria leis promulgadas para sua deformação ou desaparecimento, mas sim para sua promoção e proteção. E, como resultado, colheria no futuro uma geração melhor que a atual.
 
A maternidade não é um inimigo a ser combatido ou um construto a ser derrubado. É um dom da graça do Criador a uma espécie caracterizada pela ingratidão. Valorize, quer você seja uma mãe ou não.



[1] Antes de você aderir ao clamor contra o machismo capitalista e por mais igualdade nos salários, normalmente imposto sobre o empresariado por meio de leis trabalhistas, recomendo fortemente a leitura deste artigo: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2093.
[2] Já tratei do aborto neste post.
[3] O Cristianismo exalta de maneira sem igual a importância e papel da família como o propósito divino para a humanidade e, portanto, como contexto no qual podemos alcançar plena satisfação existencial; veja, por exemplo: Gênesis 2.22-24 e 12.3; Salmos 113.9 e 127.1-5; Provérbios 18.22 e 31.10-12,28-31; Efésios 5.22-6.4; 1Pedro 3.7. A Bíblia reconhecia a capacidade feminina para o trabalho com milênios de antecedência; Leia Gênesis 2.18; Provérbios 31.10-31; Atos 16.14-15.

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