Para fãs de comics
(como eu), os últimos tempos têm sido fantásticos! Quem diria que meus gibis
favoritos virariam blockbusters
mundiais nos cinemas e na TV? Marvel e DC, as gigantes do ramo, conseguiram
transportar para o live action da
grande tela a fantasia dos quadrinhos. (graças a Deus pela Computação Gráfica!)[1]
Alguns rapidamente responsabilizariam a superficialidade desses filmes (focados em ação, enredos previsíveis, personagens rasos) e, concomitantemente, a superficialidade intelectual de seus fãs (que seriam todos adolescentes, de 12 a 50 anos). Provavelmente estariam corretos, mas eu gostaria de apontar razões mais interessantes, a partir de um entendimento cristão básico do ser humano: Fomos criados para a santidade, mas caímos em
pecado.[2]
Partindo dessa premissa, creio que histórias de super-heróis cativam nosso coração em um nível mais profundo:
Partindo dessa premissa, creio que histórias de super-heróis cativam nosso coração em um nível mais profundo:
- Servem como lembranças de um tempo (uma época, um jardim) de que sentimos saudade sem jamais termos visto, no qual de fato éramos bons, justos e verdadeiros. Eles cutucam uma “saudade edêmica”, adormecida a maior parte do tempo.[3]
- Ressoam em nossa consciência que deveríamos ser muito melhores do que somos, que deveríamos viver mais em função do próximo do que vivemos.[4] No fundo, sabemos que deveríamos ser bem mais heróis.
- Propõem um mundo onde há mal e bem, certo e errado – em lados distintos e opostos.[5] Na vida real, todos somos uma mescla de boas intenções e más motivações, de boas ações e maus pensamentos, de generosidade e egoísmo.[6]
- Confirmam nossa intuição de que somos incapazes de lidar com o mal que há no mundo, de que precisamos de alguém acima de nós mesmos. Alguém que não participe daquele mal que percebemos em nós mesmos; mas, ao invés de fugir desse mundo caído, se embrenhe nele em nosso favor. Um redentor.[7]
Retomo o tema noutro post.
[1]
Não, isso não é blasfêmia nem heresia, é apenas o reconhecimento da graça
comum, que permite o progresso e a civilização a despeito da presença do pecado
na terra. Veja como os descendentes de Caim prosperam em Gênesis 4.17-22 (cf.
também a declaração de Jesus sobre a origem da prosperidade dos ímpios em
Mateus 5.45).
[2] Os
três primeiros capítulos do livro de Gênesis apresentam de maneira memorável
essa dualidade humana: criados à imagem de Deus, corrompidos pelo desejo de
serem iguais a Deus (vd. especialmente Gênesis 1.26-27;3.4-6; cf. também a
conclusão do rei Salomão, em Eclesiastes 7.29).
[3] O
apóstolo Paulo afirma que essa “saudade” vai ter fim (veja Romanos 8.22-23 e Apocalipse
22.1-3).
[4] Leia
Romanos 2.14-15 e Tiago 4.17.
[5] Para
dizer a verdade, a grande sacada de Stan Lee, o criador-mor dos personagens
clássicos da Marvel na década de 60, foi humanizar drasticamente heróis e
vilões: o Homem Aranha é um nerd que
sofre bullying no colégio quando não
está salvando vidas; o Coisa se amargura pela sua aparência pétrea, que o torna
capaz de erguer mais de 50 toneladas, mas impede relacionamentos afetivos; o
Magneto só quer destruir a humanidade para proteger sua raça mutante da
discriminação. Com o tempo, essa tendência apenas se acentuou.
[6] Veja
a angustiante confissão do apóstolo Paulo em Romanos 7.18; o apóstolo Pedro fala
de uma guerra dentro da alma humana, 1Pedro 1.11.
[7] No
século 7° a.C., um judeu chamado Isaías descreveu um personagem assim (Isaías
53.4-5,9-11).
Você não acha as tentativas do marxismo cultural/politicamente correto/ativismo social/esquerdistas de tomarem conta co entretenimento nerd (quadrinhos, cinema e games) um perigo cada vez mais presente na Marvel / DC?
ResponderExcluirOlá, Saga Oliveira.
ExcluirComo você notou, não entrei nesta questão, mas certamente o esquerdismo cultural de Hollywood se faz presente por toda a indústria de entretenimento norte-americana. Apesar da vigilância conservadora que há por lá, já há super-heróis gays e muçulmanos. Que eles sejam representados na mitologia dos comics, é razoável; mas, na verdade, sabemos que são usados como instrumentos discursivos de subversão cultural e moral.
Pra quem curte HQ, resta consumir com o filtro mental "mode on".
Obrigado pela visita e comentário.