quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Coringa e o papel da maldade louca

Normalmente, um supervilão existe como contraposição ao bem, personalizado no super-herói. Agora, com Coringa (2019), o diretor Todd Phillips tenta entregar um vilão sem seu famoso antagonista, Batman.[1] Coringa é um bom filme de drama, e um bom filme de super-herói (isto é, de vilão de super-herói), adaptando com criatividade a história e o visual das HQs para outro veículo, usando com eficiência as técnicas cinematográficas. Sua fotografia amarelada, a câmera tremida, a câmera lenta, os close-ups estourados, os plot twists, a performance sem sutilezas de Joaquin Phoenix tudo intensifica a experiência de acompanhar ladeira abaixo uma mente doentia.[2]

Para não desrespeitar a extensa folha corrida do supervilão nos quadrinhos, onde desde 1940 é o insano arqui-inimigo do Batman, completamente imprevisível, sem origem certa nem motivações racionais, mas com um bizarro senso de humor, a estratégia foi contar uma história de origem, com a óbvia vantagem de ser o protagonista do filme e não ter o antagonismo de um mascarado de orelhas pontudas para atrapalhar seus planos malignos.