Charge do Quinho na revista eletrônica DomTotal |
Porém, observando atentamente, percebemos que há outros atrativos para o telespectador.
Os participantes são claramente atraídos pela chance de ganhar dinheiro sem aquela perseverança e dedicação que o trabalho honesto exige. No Brasil, onde “se dar bem” justifica qualquer coisa, vale tudo pela bolada oferecida ao vencedor, inclusive falsidade, conchavos e afins – quanto mais “emoção”, melhor!
Aliás, os vídeos que apresentam os candidatos que disputam as vagas nestes programas mostram muito bem quais as qualidades procuradas: arrogância (“eu não entro pra perder!”), falta de domínio próprio (“não sou de levar desaforo pra casa!”), e promiscuidade (“se rolar, rolou...”).É comum algum ex-participante justificar seu comportamento leviano e traiçoeiro durante o programa explicando que não fingiu diante das câmeras – "Eu fui eu mesmo!!" Ou seja, quando é autêntico, até o mau-caratismo vira virtude!
É comum que os participantes mais "certinhos" sejam eliminados pela votação do público por serem "sem-graça". Por outro lado, o Ibope vai às alturas quando há intriga, sexo casual (olha o edredom!) e fofocas – que a produção faz questão de estimular. Não é exagero afirmar que estes programas vivem de expor o que há de pior no ser humano.
Curiosamente, a maioria dos ganhadores tinha uma imagem de ingênuo, simples ou vítima. Parece que o povo gosta de assistir umas maldades, mas quer ver o mocinho sofredor se dar bem no fim. De qualquer forma, confinar pessoas torcendo para que se comportem como animais é buscar diversão num tipo de zoológico que agride profundamente a dignidade que o Criador conferiu ao ser humano ao fazê-lo segundo sua própria imagem.[1] Mesmo que a ração seja caprichada no final.
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