quarta-feira, 8 de abril de 2015

A realidade dos Reality Shows

Acabou mais um Big Brother! Caso você tenha perdido a final, quem sabe distraído com a realidade política e econômica do país, o grande vencedor foi o Cézar Lima (quem??). E caso você não saiba o que é o BBB, quem sabe recém-chegado à Terra neste exato minuto diretamente do espaço sideral, explico: é um reality show, o mais bem sucedido destes programas da televisão onde pessoas ficam isoladas do resto do mundo e participam de gincanas e competições, enquanto são filmadas ao vivo e ininterruptamente. No Brasil, a moda começou com o programa “No Limite” (Globo, 2000) e seguiu com “Casa dos Artistas” (SBT, 2001), “Big Brother Brasil” (Globo, 2002), “O Aprendiz” ( Record, 2004) e “A Fazenda” (Record, 2009). Sem contar inumeráveis programas de menor repercussão ou duração.

Charge do Quinho na revista eletrônica DomTotal
Devo confessar que acompanhei a primeira edição de alguns deles. Afinal, o conceito de ausência de roteiro e de atores profissionais ("a vida como ela é") é bastante atraente perante o marasmo da televisão brasileira. Além disso, quem não curte uma gincana, pelo simples prazer da competição?Entretanto, a sensação de novidade não durou muito. Com o sucesso, as redes de TV continuaram (re)produzindo-os, mudando apenas as circunstâncias: ora numa ilha, ora numa fazenda; ora desconhecidos, ora quase-famosos... Pessoalmente, tenho dificuldade em compreender como uma programação tão repetitiva ainda atrai tantos telespectadores.

Porém, observando atentamente, percebemos que há outros atrativos para o telespectador. 
 Os participantes são claramente atraídos pela chance de ganhar dinheiro sem aquela perseverança e dedicação que o trabalho honesto exige. No Brasil, onde “se dar bem” justifica qualquer coisa, vale tudo pela bolada oferecida ao vencedor, inclusive falsidade, conchavos e afins – quanto mais “emoção”, melhor!

Aliás, os vídeos que apresentam os candidatos que disputam as vagas nestes programas mostram muito bem quais as qualidades procuradas: arrogância (“eu não entro pra perder!”), falta de domínio próprio (“não sou de levar desaforo pra casa!”), e promiscuidade (“se rolar, rolou...”).É comum algum ex-participante justificar seu comportamento leviano e traiçoeiro durante o programa explicando que não fingiu diante das câmeras – "Eu fui eu mesmo!!" Ou seja, quando é autêntico, até o mau-caratismo vira virtude!

É comum que os participantes mais "certinhos" sejam eliminados pela votação do público por serem "sem-graça". Por outro lado, o Ibope vai às alturas quando há intriga, sexo casual (olha o edredom!) e fofocas – que a produção faz questão de estimular. Não é exagero afirmar que estes programas vivem de expor o que há de pior no ser humano.

Curiosamente, a maioria dos ganhadores tinha uma imagem de ingênuo, simples ou vítima. Parece que o povo gosta de assistir umas maldades, mas quer ver o mocinho sofredor se dar bem no fim. De qualquer forma, confinar pessoas torcendo para que se comportem como animais é buscar diversão num tipo de zoológico que agride profundamente a dignidade que o Criador conferiu ao ser humano ao fazê-lo segundo sua própria imagem.[1] Mesmo que a ração seja caprichada no final.




[1] Cf. Gênesis 1.26; 9.6; Tiago 3.9.

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