Até Noel procurou o comércio popular para fugir dos preços altos |
Em um ano especialmente difícil para a economia, como 2015, a
maioria dos brasileiros precisará comprar presentes mais baratos, mas ninguém
quer deixar de presentear a quem ama. Muitos usarão o 13º salário para saldar as dívidas acumuladas durante o ano, enquanto fazem verdadeiros “milagres de
natal” para esticar a grana que sobrou e dar pelo menos uma “lembrancinha” (que
é o nome que damos praquele presente que vem embrulhado num pedido de desculpas).
Será que é isso que eles chamam “espírito natalino”? Não estou
falando do consumismo desenfreado, das faturas estouradas de cartão de crédito,
nem das propagandas apelativas, mas desse desejo irrefreável de expressar o
afeto e a benquerença de maneira generosa, palpável e mensurável – não seria
esse o tal espírito?
Até a árvore do Pq. Ibirapuera está sofrendo com a crise: tem apenas a metade da altura da árvore de 2008 |
Eu sei que nas casas, avenidas, praças e shoppings Brasil afora as decorações natalinas remetem muito mais ao pinheiro, ao Papai
Noel com seus duendes e renas e até à neve (!). Porém, a imagem mais
emblemática do Natal ainda é o presépio, no qual a estrebaria tornada
maternidade, os animais tornados babás, a manjedoura tornada berço e a virgem tornada
mãe – tudo está servindo de embrulho, laço e cartão para o presente que Deus deu para
a humanidade. Um presente que despertou o canto dos anjos e a alegria dos
homens.[1]
O Natal não surgiu a partir de um amor meramente sentido “no
fundo do coração”, mas inerte; tampouco iniciou de um “amor platônico” existente
apenas no campo das ideias. Pelo contrário, se originou de um amor expressado e
concretizado na história. Foi assim que
Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo,
para que pudéssemos viver por meio dele.[2]
Ora, se tudo começou com o próprio Deus oferecendo seu Filho
como presente à humanidade, por que seria inapropriado que o Natal seja celebrado
por meio de presentes também, não é?
Entretanto, bem poderíamos tornar nosso Natal mais natalino
imitando o primeiro Natal, não? Que tal presentear mais como expressão de afeição,
e não tanto de capacidade financeira? Ou presentear especialmente aqueles que
não têm como comprar ou retribuir? Ou ainda presentear nossos desafetos como
sinal de paz e oferta de perdão mútuo?
Desejo um Natal cristão a todos.
(Ah, e se você não conhece ou não entende o significado histórico
e espiritual do Natal, terei um grande prazer em compartilhar com você sobre o
aniversariante da festa, Jesus Cristo. Clique no meu perfil no blog e entre em
contato pelo e-mail.)
[1]
Sim, eu sei que a cena tradicional do presépio é uma colagem romantizada, mas
incorreta, das histórias de Lucas 2.4-16 (que narra o nascimento em Belém, o soninho
na manjedoura, o anúncio dos anjos e a visita dos pastores) e Mateus 2.7-11 (que
descreve a visita dos magos, meses depois, à família já instalada numa casa).
Contudo, a licença artística não invalida o poder de simbolizar o real sentido e a
historicidade do Natal.
[2]
Texto de 1 João 4.9, na tradução da NVI.
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