quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Crise, presentes, e o espírito do Natal

Até Noel procurou o comércio popular para fugir dos preços altos 
Em um ano especialmente difícil para a economia, como 2015, a maioria dos brasileiros precisará comprar presentes mais baratos, mas ninguém quer deixar de presentear a quem ama. Muitos usarão o 13º salário para saldar as dívidas acumuladas durante o ano, enquanto fazem verdadeiros “milagres de natal” para esticar a grana que sobrou e dar pelo menos uma “lembrancinha” (que é o nome que damos praquele presente que vem embrulhado num pedido de desculpas).

Será que é isso que eles chamam “espírito natalino”? Não estou falando do consumismo desenfreado, das faturas estouradas de cartão de crédito, nem das propagandas apelativas, mas desse desejo irrefreável de expressar o afeto e a benquerença de maneira generosa, palpável e mensurável – não seria esse o tal espírito?

Até a árvore do Pq. Ibirapuera está sofrendo com a crise:
tem apenas a metade da altura da árvore de 2008
Eu sei que nas casas, avenidas, praças e shoppings Brasil afora as decorações natalinas remetem muito mais ao pinheiro, ao Papai Noel com seus duendes e renas e até à neve (!). Porém, a imagem mais emblemática do Natal ainda é o presépio, no qual a estrebaria tornada maternidade, os animais tornados babás, a manjedoura tornada berço e a virgem tornada mãe – tudo está servindo de embrulho, laço e cartão para o presente que Deus deu para a humanidade. Um presente que despertou o canto dos anjos e a alegria dos homens.[1]

O Natal não surgiu a partir de um amor meramente sentido “no fundo do coração”, mas inerte; tampouco iniciou de um “amor platônico” existente apenas no campo das ideias. Pelo contrário, se originou de um amor expressado e concretizado na história. Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele.[2]

Ora, se tudo começou com o próprio Deus oferecendo seu Filho como presente à humanidade, por que seria inapropriado que o Natal seja celebrado por meio de presentes também, não é?

Entretanto, bem poderíamos tornar nosso Natal mais natalino imitando o primeiro Natal, não? Que tal presentear mais como expressão de afeição, e não tanto de capacidade financeira? Ou presentear especialmente aqueles que não têm como comprar ou retribuir? Ou ainda presentear nossos desafetos como sinal de paz e oferta de perdão mútuo?

Desejo um Natal cristão a todos.

(Ah, e se você não conhece ou não entende o significado histórico e espiritual do Natal, terei um grande prazer em compartilhar com você sobre o aniversariante da festa, Jesus Cristo. Clique no meu perfil no blog e entre em contato pelo e-mail.)



[1] Sim, eu sei que a cena tradicional do presépio é uma colagem romantizada, mas incorreta, das histórias de Lucas 2.4-16 (que narra o nascimento em Belém, o soninho na manjedoura, o anúncio dos anjos e a visita dos pastores) e Mateus 2.7-11 (que descreve a visita dos magos, meses depois, à família já instalada numa casa). Contudo, a licença artística não invalida o poder de simbolizar o real sentido e a historicidade do Natal.
[2] Texto de 1 João 4.9, na tradução da NVI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você tem outro ponto de vista? Acha que a Escritura oferece outra perspectiva? Deixe abaixo sua visão sobre o assunto, todos os comentários bem educados serão publicados.