A primeira edição de Playboy seria considerada recatada em nossos dias |
A revista de Hefner conseguiu convencer a sociedade ocidental de que ser homem de verdade é viver de maneira irresponsável, promíscua e egoísta. E que a exploração sexual da imagem de uma mulher não tem nada a ver com moral, com certo e errado.
Obviamente, Hefner não inventou a imoralidade sexual nem foi
o primeiro a explorar a nudez feminina. Mas contribuiu muito para despir o sexo
e a mulher de seu significado e dignidade. Em nossos dias, moças fazem “ensaios
sensuais” como parte de sua busca do estrelato e contam com a aprovação da
sociedade e até de seu pai. Novamente, a questão moral sequer é levada em conta, apenas a financeira: “Pagando bem, que mal tem?”
Na verdade, apesar das entrevistas com grandes
personalidades, dos contos de escritores importantes, das charges políticas e
das mulheres com jeito de vizinha sexy (e não de prostituta),[2]
a Playboy jamais conseguiu trazer à existência esse “homem sofisticado”. Contribuiu,
isso sim, para a adolescentização dos
homens de toda a geração baby-boom, X
e Y ao promover uma visão do sexo egocêntrica e descompromissada. E para a desumanização da mulher aos olhos desses
homens.
A Playboy e suas congêneres representam a antiga distorção do
“sexo-como-amor” em “sexo-como-dominação”.[3]
Afinal, sexo de verdade é aquela
união que ocorre entre um homem e uma mulher num contexto de compromisso e entrega
integral, ao ponto de serem considerados “uma só carne”. O sexo que usa o outro
como objeto, como instrumento para o prazer próprio, é uma adulteração da
sexualidade com que o Criador dotou o ser humano. Simplesmente não tem o direito de ser chamado "sexo".
A indústria pornográfica estrategicamente insere essa deturpação
justamente nos anos em que a virilidade está aflorando nos meninos. Em geral, adolescentes
e homens que consomem pornografia (na maioria absoluta das vezes para masturbação)
se tornam desinteressados e insatisfeitos com o sexo real ou natural (como demonstra esse estudo), impacientes com as necessidades,
inconveniências e limites das mulheres de verdade e se lançam em busca de algo mais
excitante, seja sujeitando suas parceiras a situações desonrosas na cama, seja
buscando prazer com outras mulheres (ou homens, ou animais, ou qualquer tipo de tara).[4]
Ou ainda na própria pornografia – e esta, cada vez mais bizarra para acender
uma excitação cada vez mais fugidiça.
Essa dinâmica, que já acabou com tantos relacionamentos,
também foi o responsável pela desistência da Playboy de publicar nus. Apesar de
o público da pornografia ser hoje maior que nunca, não há interesse por
mulheres apenas nuas e insinuantes. Engolida pelos milhões de sites pornográficos
que oferecem gratuitamente todos os tipos de atos sexuais imagináveis a um
clique de distância, a revista de Hefner foi vítima da revolução moral que ele ajudou
a por em movimento. Uma prova de como a corrupção do pecado vai se manifestando
em níveis mais profundos, até perverter e desfigurar quase completamente a
imagem de Deus na humanidade.[5]
O milionário Hefner, 89, ao lado da "esposa" Crystal, 29, ambos miseravelmente fingindo ser um casal feliz |
Hefner não poderia prever (e provavelmente não se importaria) a triste ironia de que a revista que pretendia alçar o sexo ao topo
da existência feliz acabou por diminuí-lo e rebaixá-lo a uma das atividades
humanas mais mesquinhas e insatisfatórias. Também é tristemente irônico que o anúncio de que a Playboy não mais publicará fotos de mulheres nuas está longe de ser a boa notícia para a sociedade que parece ser a princípio.
[3] O “sexo-como-dominação”
é sempre expressão daquela corrupção do relacionamento matrimonial que surgiu entre
Adão e Eva logo após a queda, conforme a predição do próprio Criador (veja Gênesis
3.16). É sempre bom lembrar que, mesmo antes do pecado, o primeiro casal já
havia sido criado com o propósito de se relacionar sexualmente e povoar a Terra
(cf. Gênesis 1.27). Sexo não é pecado, mas pode ser corrompido por ele.
[5] Veja
em Romanos 1.18-32 como o apóstolo Paulo descreve essa espiral descendente que
arrasta uma sociedade que rejeita a ordenação do Criador para cada vez mais
longe da verdade, justiça e bem.
Cheguei ao seu blog pelo post no blog do Felipe Melo, aonde cheguei por um artigo do Reinaldo Azevedo... Estamos em casa, hehehe!
ResponderExcluirAchei ótimo entender o que se passou de verdade, obrigada pela análise. Irei te acompanhar!
Abs!
Cinthia
Seja bem-vinda, Cinthia.
ExcluirVocê está muito bem assessorada com esses blogs! rsrsrsrr
Espero poder contribuir com outros assuntos que interessem a você. Abração!